Na escuta da palavra de Deus, durante a missa de réveillon, celebrada na noite do dia 31 de dezembro por nosso querido diretor espiritual Frei Josué, Deus nos deu as seguintes palavras para o ano de 2020:

  • Mc 6,46-52

” E despedido que foi o povo, retirou-se ao monte para orar. À noite, achava-se a barca no meio do lago e ele, a sós, em terra. Vendo-os se fatigarem em remar, sendo-lhes o vento contrário, foi ter com eles pela quarta vigília da noite, andando por cima do mar, e fez como se fosse passar ao lado deles.* À vista de Jesus, caminhando sobre o mar, pensaram que fosse um fantasma e gritaram; pois todos o viram e se assustaram. Mas ele logo lhes falou: “Tranquilizai-vos, sou eu; não vos assusteis!”. E subiu para a barca, junto deles, e o vento cessou. Todos se achavam tomados de um extremo pavor, pois ainda não tinham compreendido o caso dos pães; os seus corações estavam insensíveis. “

  • Diário de Santa Faustina 1643

“Ouve, Minha filha! Embora todas as obras que surgem da Minha vontade estejam sujeitas a grandes sofrimentos, reflete se alguma delas esteve sujeita a maiores dificuldades do que a obra diretamente Minha – a obra da Redenção. Não deves preocupar-te demais com as adversidades. O mundo não é tão forte quanto parece; sua força é estritamente limitada. Deves saber, Minha filha, que, se a tua alma estiver repleta do fogo do meu puro amor, então as dificuldades sumirão como a neblina perante os raios do sol, e não ousarão importunar uma alma assim. Todos os adversários têm medo de enfrentá-la, porque sentem que essa alma é mais forte que o mundo inteiro…”

É muito claro que através dessas belas palavras, Deus nos chama a confiarmos plenamente Nele. CONFIANÇA; essa é a palavra que Deus nos exorta pra esse ano de 2020.

Aprofundemos-nos um pouco mais nessa virtude, indispensável para que todos nós, cristãos, sigamos firme na nossa caminhada rumo à pátria celeste.

No livro da confiança, o padre Thomas de Saint- Laurent, nos ensina muito através de belíssimas explanações sobre essa virtude.

Às nossas misérias presentes repetis o conselho que o Mestre dava, frequentemente, durante Sua vida mortal: “Confiança, confiança !”

À alma culpada, oprimida sob o peso de suas faltas, Jesus dizia: “Confiança, filha, teus pecados te serão perdoados!”. ”Confiança” dizia ainda ao doente abandonado que só Dele esperava cura, “tua fé te salvou”.

Quando os apóstolos tremiam de pavor vendo-O caminhar, de noite, sobre o lago de Genesaré, Ele os tranquilizava por esta expressão pacificadora: “Tende confiança! Sou Eu, nada temais!”. E na noite da Ceia, conhecendo os frutos infinitos do seu Sacrifício, lançava Ele, ao partir para a morte, o brado de triunfo :” Confiança! Confiança! Eu venci o mundo…”

Esta palavra divina, ao cair de Seus lábios adoráveis, vibrante de ternura e de piedade, operava nas almas uma transformação maravilhosa.Um orvalho sobrenatural lhes fecundava a aridez, clarões de esperança lhes dissipavam as trevas, uma calma serenidade delas afugentava a angústia. Pois as palavras do Senhor são “espírito e vida”. “Bem aventurado os que a ouvem e a põe em prática.”

Como outrora aos seus discípulos, é a nós, agora, que Nosso Senhor convida à confiança.

São Tomás de Aquino, com toda sua genialidade, nos define a confiança: “ Uma esperança fortalecida por sólida convicção.”

Uma esperança comum, podemos perder pelo desespero; quando, porém, atinge essa perfeição que faz trocar o seu nome pelo nome de “confiança”, não suporta mais qualquer hesitação. A menor dúvida a rebaixaria e a faria voltar ao nível da simples esperança. Mas afinal, que força soberana fortifica a esperança a ponto de torná-la inabalável aos assaltos das adversidades?…a FÉ!

A alma confiante guarda na memória a palavras do Pai celeste. Sabe que Deus não pode faltar à palavra, e daí sua imperturbável certeza. Se o perigo ameaça, a envolve, a domina, ela conserva sempre a serenidade. Apesar da iminência do risco, repete a palavra do salmista: “O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem temerei? O Senhor é o protetor de minha vida, de quem terei medo?”

A confiança, escreve o padre Saint-Jure, é “firme, estável e constante em grau tão eminente, que nada no mundo pode, já não digo derrubá-la, mas sequer abalá-la.”

Nas Escrituras e nas vidas dos Santos, encontramos sublimes exemplos dessa virtude. Jó foi reduzido à última indigência; ferido na fortuna, na família e na própria carne, os amigos e até mesmo sua própria mulher, aumentava-lhe a dor pela crueldade de suas palavras. Ele no entanto não se deixava abater; nenhuma murmuração sequer misturava-se aos seus gemidos. Sustentava-no o pensamento da fé. ”Quando mesmo o Senhor me tirasse a vida, dizia, ainda assim esperaria Nele.”

Confiança admirável e que Deus o recompensou magnificamente. A provação cessou: Jó recuperou a saúde, ganhou de novo fortuna considerável, e teve uma existência mais próspera que antes.

São Martinho, numa de suas viagens, caiu nas mãos dos ladrões.Os bandidos o despojaram; iam trucidá-lo, quando, de repente, tocados pela graça do arrependimento ou tomados de uma pavor misterioso, o libertam e o soltam, contra toda a expectativa. Perguntou-se mais tarde  ao ilustre bispo se, nesse risco premente, não teria sentido algum medo. “Nenhum, respondeu, eu sabia que a intervenção divina era tanto mais certa quanto mais improváveis os socorros humanos.”

São Francisco de Sales nos ensina: “ A Providência só adia seu socorro para provocar a nossa confiança.” “Se nosso Pai celeste não concede sempre o que pedimos, é para nos reter aos Seus pés e nos dar a ocasião de insistir com amorosa violência junto Dele, como claramente mostrou aos dois discípulos de Emaús, com os quais só Se deteve ao fim do dia, e assim mesmo por eles forçado.”

Santa Faustina também nos ensina através dos escritos de seu diário que quanto mais a alma confiar, tanto mais receberá:

“Que as almas que buscam a perfeição glorifiquem de maneira especial a Minha misericórdia, porque a liberalidade das graças que lhes concedo decorre da Minha misericórdia. Desejo que essas almas se distingam por uma ilimitada confiança na Minha misericórdia. Eu mesmo Me ocupo com a santificação dessas almas: Eu lhes fornecerei tudo o que for necessário para a sua santidade. As graças da Minha misericórdia colhem-se com um único vaso, que é a confiança. Quanto mais a alma confiar, tanto mais receberá. Grande consolo Me dão as almas de ilimitada confiança, porque, em almas assim derramo todos os tesouros das Minhas graças. Alegro-Me por pedirem muito, porque o Meu desejo é dar muito, muito mesmo. Fico triste, entretanto, quando as almas pedem pouco, quando estreitam os seus corações.” (Diário de Santa Faustina, 1578).

São milhares os escritos e exemplos de vida de homens e mulheres de Deus que decidiram-se por viver a plenitude da Confiança.

É à essa CONFIANÇA que Deus nos chama para esse ano de 2020. Da mesma maneira que chamou os apóstolos, tantos santos e santas de Deus, a confiarem plenamente Nele, coroando-os, através dessa confiança absoluta, com a coroa da eterna glória , hoje é a mim e a você que Deus nos chama a confiar.

Confiemos pois; suportemos, peçamos, esperemos, como Ele nos pede. Que nada e nem ninguém abale nossa confiança no Senhor.

Desejo a todos um 2020 feliz, abençoado e repleto da confiança no Senhor.

Por Elton França, membro de Aliança da Comunidade Mel de Deus.

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