1º de fevereiro de 2020, Diocese de Luziânia – GO
Cor unum et anima una (“A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma” At 4,32). Este testemunho de comunhão constitui, nas palavras de São João Paulo II, “um poderoso sinal e fonte de esperança para o mundo, que deve enfrentar formas exageradas de individualismo e de fragmentação social. Nesta perspectiva, encorajo-vos a continuar a promover um espírito de caridade fraternal, vivida em nome de Jesus e do seu amor” (Discurso, 09 de setembro de 2003).
Querido Diácono Marcos Flávio, já nos conhecemos há cinco anos, e (…) juntos na confiança em Deus nesta manhã, lançamo-nos na obra que Ele realiza na vida da Igreja, sinal visível e eficaz de Jesus Cristo no mundo. Nesta celebração, realizarei o mesmo gesto apostólico de impor as mãos sobre ti, suplicando o Espírito Santo que marcará tua alma, todo o teu ser, com a caridade do Bom Pastor.
O grão de trigo
Diácono Marcos Flávio, diante da hora de ser glorificado, Jesus fala de Si e fala a ti: “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só; mas se morre, produz muito fruto”. Jesus se adianta e toma a frente na entrega livre, voluntária de si mesmo para pagar o preço do nosso pecado, entrega que “livra da solidão” – “fica só um grão de trigo” -, gerando o perdão, a reconciliação entre irmãos, a vida em comunidade, a Igreja dos redimidos por Seu Sangue. Jesus te convida, filho caríssimo: “Segue-me”.
A Carta aos Hebreus o apresenta em seu movimento interior, no esforço de ser trigo lançado por terra: “Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido, por causa de sua entrega a Deus”. E, numa afirmação que nos surpreende, o autor dessa carta magna sobre o sacerdócio de Jesus Cristo, diz: “Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que sofreu […tornando-se] causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem”.
O Sumo e Eterno Sacerdócio
Uma ordenação sacerdotal a todos encanta! Encanta por mostrar no ordinário o movimento do Espírito que o conduz até aqui, quando a configuração sacramental com o Sumo e Eterno Sacerdote dá a força interior ao novo presbítero para ser a imagem daquele que se faz obediente ao Pai por amor: amor ao Pai e amor aos irmãos e irmãs.
Querido Diác. Marcos Flávio, esta é sua primeira missa, dentre tantas… Cada uma delas permitirá que tu digas, em espírito e verdade: “Isto é o meu Corpo entregue por vós” e, “Este é o Cálice do meu Sangue, o Sangue da nova e eterna aliança, derramado por vós e por todos, para a remissão dos pecados”. Entra bem-disposto para o combate, persevera bem-disposto no combate! O Reino de Deus não é deste mundo, ainda que aqui cresça, conquistando uma multidão de irmãos para Cristo.
Eis que estou convosco todos os dias
Não estarás sozinho, filho! O Senhor Jesus estará sempre presente. Ele garante: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos”. Não estarás sozinho. Vê teus irmãos presbíteros e teu bispo que te acolhemos. Tu és para nós um presente, uma consolação em meio às exigências tão elevadas do pastoreio em nossa amada diocese de Luziânia. Recorda-te de que não estarás sozinho. Os irmãos, diáconos, religiosos(as) e fiéis leigos (casais, jovens, idosos e crianças) que aqui acorrem estarão ao teu lado na missão; eles e os que conviverão contigo nas comunidades paroquiais e te acolherão ao longo de tua vida como seus irmãos e irmãs, como tua família.
Tu te tornarás num bom pastor. Tem paciência contigo, ainda que sempre travando a luta da conversão pessoal. Em parte, serás como sonhas ser sacerdote, mas de outra parte, serás como ainda não sonhas, não sabes, como não podes prever e programar. O encantador da obra divina é que ela nos ultrapassa! Deus vai muito além de nós, para nos conquistar para Si; tão somente para Ele. E tu dirás pelos caminhos que percorres como profeta: “O espírito do Senhor Deus está sobre mim, por que o Senhor me ungiu; enviou-me para dar a boa-nova aos humildes, curar as feridas da alma, pregar a redenção aos cativos, e a liberdade para os que estão presos”.
Se alguém me serve, meu Pai o honrará
Seguindo em tudo ao Senhor Jesus Cristo – pobre, casto e obediente; Rei, Sacerdote e Profeta – ao longo de tua vida, alegra-te pela promessa que ele te faz: “onde eu estou estará também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará”.