Nesses nove dias (de 06 a 14 de outubro), vamos meditar a partir de um trecho da Palavra de Deus, assim como fazia Santa Teresa de Jesus e segundo o carisma da Comunidade MEL de Deus, buscando a intimidade com o Amado, aos passos desta grande Doutora de Igreja.
“A oração de intimidade com Deus não é outra coisa senão um morrer quase total a todas as coisas do mundo para alegrar-se só em Deus.”
1º dia da novena
Santa Teresa de Jesus nasceu em um lar cristão e desde criança foi chamada a viver só para Deus. O pai era um homem muito caridoso com os pobres e piedoso com os doentes. Ninguém jamais o viu murmurar ou praguejar. Sua mãe, devota de Nossa Senhora, ensinou- lhe a recitar o rosário. Herdou também de sua mãe o gosto pela leitura de histórias de santos e, também histórias de cavalaria. Histórias estas que influenciaram sua vida.
As histórias de martírio de algumas santas levaram Teresa e seu irmão a desejarem fugir para a terra dos mouros para morrerem decapitados, pois queriam gozar tão logo dos bens celestes. Percebendo que isso era impossível, queriam, então, ser eremitas. Nas brincadeiras com as amigas, gostava de fazer mosteiros, como se fosse uma monja.
Com a perda de sua mãe, tomou Maria por mãe e, a partir de então, começou a entender as graças que o Senhor lhe concedia, e o quanto a Sua Majestade queria que fosse toda dEle. Esta descoberta a fez ofendê-Lo, ao invés de dar-Lhe graças.
Deixou-se encantar pelos prazeres do mundo, pela vaidade exagerada, pelas companhias dos primos e pelas conversas e entretenimentos levianos. A amizade com uma parenta foi lhe transformando a tal ponto que quase nada lhe restou de sua inclinação natural para a virtude, seus hábitos foram lhe imprimidos. Dizia que sua alma começou a não resistir ao que lhe causava todo mal. Perdeu o temor de Deus e com o medo de também perder a honra, tudo que fazia lhe trazia aflição. Pensando que não seria descoberta, atreveu-se a fazer coisas contra a honra e contra Deus. Mas era impossível ocultar algo de quem tudo vê. Mesmo vivendo desta forma não se entregou a pecados graves. Deus a livrou, contra a sua própria vontade, de se perder por inteira.
O pai desgostoso com a situação e as suas companhias colocou-a no convento das monjas agostinianas. No início foi difícil a adaptação, mas aos poucos foi encontrando com a sua essência, suas virtudes, e a cada dia foi renascendo no seu coração o amor a Deus e o desejo de nunca mais ofendê-Lo. Acreditava que a Sua Majestade buscava incessantemente a melhor maneira de trazê-la a Si. Dizia: “Bendito sejais, Senhor, que tanto sofrestes por mim.”
Reflexão:
Teresa em seu primeiro amor, na infância, desejou o martírio e o eremitério, com uma vontade decidida de ser de Deus. Porém, a vaidade, o passar do tempo e seus desejos, a fizeram esfriar.
Como foi meu primeiro amor? Como foi o chamado que recebi para ser um consagrado Mel de Deus? O que me aquecia o coração para intimidade com O Pai? Esse chamado continua vívido desde àquela época ou deu uma esfriada?
Oração: Santa Teresa, dai-me a graça de amar o Amado, como você e tantos santos que você admirava, amaram. Em sua adolescência, sentistes o forte desejo de ser uma consagrada. Renova, portanto, em nós, o Nosso Primeiro amor e o desejo de sermos hoje um consagrado, como desejamos naquele dia que o Senhor nos chamou. (Relembre aqui, orando em línguas, o dia de seu chamado na vocação em que se encontra. Mas, caso esteja procurando ainda, peça, por intercessão de Santa Teresa, a graça de descobrir sua vocação)
Rezar um Pai Nosso e 10 Ave-Marias em honra a Santa Teresa.
2º dia da novena
Uma monja começou a falar a Santa Teresa como decidira ser monja e a recompensa dada pelo Senhor a quem tudo deixa por Ele. Encantava-se com sua conversa santa, porém, tinha aversão à ideia de ser uma monja. Seu coração estava tão duro que nem mesmo a leitura da Paixão lhe arrancava uma única lágrima. Em oração, pediu ao Senhor que lhe indicasse o melhor caminho para servi-Lo. Queria se dedicar a Deus, mas não estava convencida a fazê-lo, pois ainda se entregava mais ao que agradava à sua carne e à vaidade.
O Senhor lhe deu uma grave doença que a fez retornar à casa paterna. Curada foi visitar uma irmã. No caminho, ficou por alguns dias na casa de um tio. Tempo suficiente para que as palavras de Deus que ouvia e lia, e a sua companhia fizessem-na compreender as verdades da inutilidade das coisas do mundo, a vaidade exagerada e a rapidez de como tudo passa. Decidiu abraçar a vocação, mesmo com medo de não suportar as renúncias e exigências da vida religiosa.
Havia grande contentamento em ser monja, era querida por todos e dedicada em tudo que fazia. Ocupava-se sempre das coisas que dava prazer. No Carmelo, uma monja sofria de uma grave e dolorosa enfermidade, mas suportava tudo com paciência. Vendo-a assim, Santa Teresa pediu a Deus que lhe concedesse a mesma paciência. O Senhor atendeu o seu pedido. Sua enfermidade durou três anos. Foram meses de muita dor, sofrimento e de luta pela vida. Mas a dor maior estava em se ver tão pecadora e pequena diante da grandeza do amor de Deus.
Levada para a casa de seu pai teve um paroxismo tão forte que ficou sem sentido por quatro dias. Sua morte era esperada, tanto que se prepararam para o funeral, mas Sua Majestade a fez recuperar o sentido; então, imediatamente buscou a confissão e a comunhão. Naquela hora recebeu a graça de jamais deixar de confessar qualquer coisa que considerasse pecado, mesmo que fosse venial.
Pediu que a levassem de volta ao mosteiro, mesmo naquele estado: pior que um morto. Tendo melhorado, ficou paralítica por longo tempo, mas grande era sua conformidade com a vontade de Deus, que suportava todo o sofrimento com alegria. Queria muito ser curada para melhor servir a Deus, contudo, o Senhor sabe o que é o melhor para cada um. Os médicos pouco podiam fazer.
Resolveu, então, pedir a S. José, o pai de Jesus. Recebeu a graça que tanto queria, mas isso não a fez perseverar no caminho. Deus dava a ela a graça de fazer o bem, mas o fazia com imperfeições e faltas. Recaiu na vaidade depois de tantas bênçãos recebidas. A mão de Deus continuava a lhe sustentar e fazer com que voltasse a se levantar.
Reflexão:
Assumir uma vocação exige renúncias e um estilo muito específico de vida. Na MEL de Deus assumimos três dimensões de nossa espiritualidade: a Mariana, a Eucarística, e a Carismática (ou Luz de Deus). E durante nossa caminhada pode vim o tanto medo de sermos infiéis ou quanto o esquecimento dos propósitos feitos, após as graças recebidas. Teresa passou por isso também, ora muito fiel e devota na doença, ora recaída na vaidade após a bênção alcançada.
Como estou hoje? Firme na espiritualidade que me sustenta? Com medo de não dar conta de não corresponder a essa vocação? Na tibieza e acomodado no meu estágio? Ou na vaidade e esquecimento depois de tudo que Deus tem derramado? Mas, saiba, que independente de seu estado hoje, Deus continua a te sustentar.
Oração: Santa Teresa, dai-me a graça de voltar à intimidade com o Pai, no frescor da minha vocação. Interceda para que o Espírito Santo venha com abundância, nos fazendo entender que somos nós que precisamos dessa espiritualidade para sobrevivermos na saúde e doença, na dor e alegria, na secura espiritual e no fervor da oração. Ensina-nos, rogando também a São José, que sem Deus nada podemos fazer. (Ore em línguas pedindo para o Espírito Santo te socorrer conforme o estado espiritual em que se encontra)
Rezar um Pai Nosso e 10 Ave-Marias em honra a Santa Teresa.
3º dia da novena
É importante para as almas entenderem que quando se inicia uma vida de oração é preciso se desapegar de toda espécie de prazer, e entrar num caminho voltado somente para ajudar Cristo a carregar a Sua cruz, apenas como um bom cavaleiro, sem pagamento algum, apenas pelo prazer de servir o seu Rei. É fundamental seguir com determinação e sem querer consolações; o caminho é a cruz: “toma a tua cruz e segue-me”.
Santa Teresa travou uma grande batalha entre lidar com Deus e lidar com o mundo. Não se rejubilava em Deus, nem se alegrava no mundo. Somente com as misericórdias de Deus é que teve ânimo para orar. Dos vinte e oito anos de oração, passou mais de dezoito nessa luta.
Sua alma, já cansada, entrou um dia no oratório, viu a imagem de um Cristo com grandes chagas que inspirava tamanha devoção, que ela ficou extremamente perturbada, visto que a imagem representava bem o que Jesus passou por nós. Foi tão grande o sentimento de ter sido mal–agradecida àquelas chagas que o seu coração quase partiu. Imediatamente
lançou-se aos Seus pés, em lágrimas, suplicou que a fortalecesse para que não O ofendesse mais.
Naquele momento depositou toda a sua confiança em Deus. Em oração se esforçava por representar Cristo dentro de si e se sentia melhor nas passagens onde O via mais sozinho. Na oração do Horto, fazia-Lhe companhia; ficava pensando no suor e na aflição que sofrera, desejando se possível for, enxugar-Lhe o suor tão doloroso. Mas, não ousava fazer, pois vinham em sua mente os pecados cometidos. Por longos anos, quase todas as noites, antes de dormir, ao se encomendar a Deus, pensava na oração do Horto, pois era um costume que adquiriu antes mesmo de ser monja.
Santa Teresa pediu a Sua Majestade um remédio para viver sem muito sobressalto nessa guerra tão perigosa. Disse Ele ser o amor e o temor, pois o amor nos fará apressar o passo e o temor nos levará a nos atentar por onde colocamos nossos pés, para que não caiamos em uma trilha tão pedregosa, assim não seremos enganados. Dizia às suas filhas espirituais que, quem ama genuinamente a Deus não pode amar a vaidade, a riqueza, as coisas do mundo, os deleites, as honras ou ter contendas ou inveja. Tudo porque a única coisa que devemos pretender é contentar o Amado, desejando ardentemente ser amado por Ele, empenhando a vida em atender como agradá-Lo mais.
Reflexão:
Uma das primeiras revelações para Badia fundar a comunidade foi no curso Moisés. Ela viu um grande lago, profundo como um abismo. No centro havia chamas de fogo e muitas pessoas caíam nesse mar de fogo. Jesus estava neste local abraçado com Badia. Em um determinado momento foi revelado à nossa fundadora que esse local era o inferno. Ela então deu passos para trás com temor, Jesus, porém, disse: “não tenhas medo, enquanto Eu estiver abraçado com você, não há perigo, você não vai cair”. Contudo, outras pessoas caíam no abismo, choravam e estendiam as mãos pedindo ajuda. A fundadora aflita em ver tantas pessoas se perdendo, olhou para Jesus e pediu: “Jesus, salva essas pessoas”. Ele disse: “Depende de você”.
Ao abraçar esse carisma, de ser Mel de Deus, batalhas espirituais são travadas. Deus não poupa seus servos, mas os prova para ver sua fidelidade, como provou Teresa. E, hoje, vendo tanta gente para ser salva, Jesus diz essas duas falas. Primeiro: “não tenhas medo, enquanto Eu estiver abraçado com você, não há perigo, você não vai cair”. E, te chama para cumprir sua missão nesse carisma, para que mais pessoas não caiam, diz, te chamando para a responsabilidade vocacional: “Depende de você”.
Oração: Santa Teresa, passaste quase 20 anos em lutas espirituais tremendas, ajudai-me também nas minhas, para que eu cumpra minha missão exigida pela minha vocação: ser santo, para que, assim, tantos que amo e outros que nem conheçam, não caiam. (Ore em línguas pedindo para o Espírito Santo a graça da santidade de vida e a disposição para salvar almas)
Rezar um Pai Nosso e 10 Ave-Marias em honra a Santa Teresa.
4º dia da novena
Em suas orações o Senhor lhe concedia a graça de vê-Lo, de ouvir a Sua voz. Aparecia- lhe de várias formas, dependendo do modo que se encontrava. Quando passava por tribulações, para revigorá-la, mostrava-Se com as chagas, na Cruz ou no Horto.
A Sua Majestade concedia à Santa visões celestiais que não eram bem interpretadas por alguns mestres, por isso, davam-lhe mal conselho. Por pensarem que fosse obra do demônio e para livrá-la do mal, ordenavam-lhe que fizesse o sinal-da-cruz e se opusesse à cruz. Obedecia, mas era um grande sofrimento para ela. Para não fazer o sinal-da-cruz a todo tempo, segurava na mão a cruz do rosário.
Certo dia, estando com ela na mão, o Senhor a tomou em Suas mãos e quando lhe devolveu estava formada por quatro pedras grandes muito mais preciosas que diamantes. As cinco chagas estavam formosamente cravejadas na cruz. Assim o Senhor lhe pediu que sempre visse a cruz: no lugar da madeira as pedras. Esta visão só ela tinha.
Dizia às suas filhas que o Senhor quer levar como almas fortes àqueles que buscam a contemplação, dando a eles a cruz que Sua Majestade sempre teve. A cruz que não é leve, e se soubessem o caminho e maneiras pelos quais Deus lhes dá essa cruz se espantariam; muitos não suportariam os sofrimentos dados se não fossem as consolações recebidas.
É absurdo crer que o Senhor admita ter como amigos íntimos pessoas comodistas e que não sofrem. Os caminhos dos contemplativos são ásperos, cheios de irregularidades, fazendo-os por vezes pensar que se perdem e que devem recomeçar a percorrer os trechos já percorridos, sendo necessário que Ele os dê mantimentos; não água, mas vinho, pois embriagados não se atentem por aquilo que passam e suportem as dores.
Para Santa Teresa, a tarefa dela e de suas monjas é de se apegar à cruz que o Esposo tomou sobre si. Aquela que mais puder padecer, que padeça mais por Ele e será a que melhor se libertará. O maior favor que o Senhor pode lhes dar é uma vida que imita a vida de Seu Filho tão amado. As graças recebidas visa fortalecer as suas fraquezas, assim poderão imitá-Lo no sofrimento.
Reflexão:
O carisma Mel de Deus nos chama a ser discípulo de Cristo. E basta ao discípulo ser igual ao Mestre (Mat 10,25). Logo, se sigo o Crucificado, meu discipulado é a cruz. Amar a cruz, me faz amar quem está nela. Santa Teresa, no Carmelo, dizia que a tarefa dela e de suas monjas era a de se apegar à cruz que o Esposo tomou sobre si. E nos convida, como Mel de Deus a não só a amarmos, mas nos apegarmos à ela, porque lá vai estar o Esposo e o Mestre.
A imitação de Cristo nos traz a vivência do discipulado de Cristo. “Sereis odiados de todos por causa de meu nome, mas aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mat. 10,22). Porém , a única coisa que Ele pede é a perseverança no caminho da cruz, com a certeza que Tereza tinha de que a graça de Deus ia fortalecer sua fraqueza.
Oração: Santa Teresa, discípula amada de Cristo, ensinai-me a percorrer esse caminho do discipulado, reconhecendo Jesus como Mestre e formando mais discípulos que queiram ser como Ele, obedientes até a morte, e morte de cruz. (Ore em línguas pedindo para o Espírito Santo a graça de sermos verdadeiros discípulos de Cristo, como Teresa o foi).
Rezar um Pai Nosso e 10 Ave-Marias em honra a Santa Teresa.
5º dia da novena
O Senhor já lhe dera o desejo de pobreza, desejo de, mesmo no seu estado, pedir esmola por amor a Deus, de não ter casa ou qualquer outra coisa. Mas pensava que talvez as monjas não tivessem esse mesmo desejo. Muita coisa ouvia sobre esse assunto e inquietava o seu coração. Um dia estando em oração, ao olhar Cristo na cruz tão pobre e desnudo, não suportou a ideia da riqueza.
Suplicava-Lhe em lágrimas que fizesse as coisas de maneira que viesse a ser tão pobre quanto Ele. Insatisfeita com o voto de pobreza que se seguia no mosteiro, questionou algumas pessoas sobre qual seria a melhor forma para vivê-lo, mas não recebeu o apoio que desejava. Entregou o caso à Sua Majestade que lhe pediu para não deixar de estabelecer o mosteiro na pobreza, pois esta era vontade de Seu Pai e Sua, e que lhe ajudaria.
Muitas monjas temiam passar fome, por isso, ensinava que viver a pobreza é ter a certeza que nada vai lhes faltar, que o sustento vem do Senhor, e que Ele dará o próprio alimento. Assim, que não se preocupassem com a renda e com o alimento, mas deixassem isso com o Senhor dos ricos e da riqueza. Estava certa que a promessa de Deus, feita um dia a ela, não deixaria de ser cumprida.
Conceituava que a pobreza é um bem que traz em si todos os bens do mundo; uma grande soberania. Dizia que quem deseja honra tem interesse por rendas ou dinheiro; mas quem é pobre, mesmo que mereça honra para si, é pouco considerado. Suas casas eram pobres em tudo e pequenas, assemelhando-se em algo no Rei que teve por casa apenas o presépio de Belém onde nasceu, e a cruz onde morreu.
Considerava que além de se viver a pobreza material deveria se viver a pobreza espiritual. Nas horas de tribulação, de intranquilidade, nas perseguições, nos sofrimentos e nos tempos de aridez encontrava em Cristo o bom amigo, porque O via como Homem, permanecendo em sua companhia. Para ela o Senhor se viu privado de todo consolo, restando- lhe apenas os sofrimentos; não desejava, então deixá-Lo só, fazendo-O sofrer mais.
A verdadeira pobreza de espírito consiste em não buscar consolo nem prazer na oração, mas consolações nos sofrimentos, por amor Àquele que sempre viveu em meio a eles, e em ter paz nos sofrimentos e securas. Mesmo que sinta alguma coisa, a alma não deve se inquietar ou perturbar, como fazem certas pessoas que consideram tudo perdido se não tiverem sempre trabalhando com o intelecto e sentindo fervor.
Reflexão:
Ao ver Cristo na cruz, pobre e desnudo, Teresa não suportou a ideia da riqueza, por isso, suplicou-Lhe que a ajudasse a viver a mesma pobreza de Cristo no Carmelo. E nós, enquanto MEL de Deus, vendo um mundo marcado pela superficialidade, pelas relações familiares por vezes distantes e frias, viemos manifestar o rosto de Cristo transfigurado que, em todas as situações, orava ao seu Abbá.
A verdadeira pobreza espiritual, segundo Santa Teresa, consiste em encontrar em Deus a consolação nos sofrimentos, e em ter paz nos momentos de dores e securas. Temos buscado consolação no Amado? E, como MEL de Deus, temos buscado, em todas as situações, não só ir ao Amado, mas também orar e clamar ao Nosso Papaizinho?
Oração: Santa Teresa, me ensine a buscar Cristo Pobre, consolando e sendo consolado. Amado, adorado e consolado seja, Jesus no Santíssimo Sacramento da Igreja. (Ore em línguas pedindo para o Espírito Santo a graça de ser consolo para o Cristo e buscar NEle o consolo de nosso coração, renovando também em nós a filiação divina, chamando nosso Abbá).
Rezar um Pai Nosso e 10 Ave-Marias em honra a Santa Teresa
6º dia da novena
Santa Teresa trata o amor de duas maneiras: a primeira é espiritual e nada tem a ver com os sentidos, nem com a ternura da nossa natureza a ponto de ser privada de sua pureza; a segunda, também é espiritual, mas sendo acompanhada da nossa sensibilidade e da nossa fraqueza. Quem se deixa instruir pelo Senhor na oração ou a quem Ele deseja instruir, essa pessoa ama de modo distinto, diferente daquele que não chegou a esse ponto.
Dizia às suas filhas: não se contente em amar pelo corpo e por seus atrativos exteriores. Ame pelo fato de amar, sem se importar se serão amadas. Podendo ocorrer, a princípio, que se inclinem a gostarem de ser amadas, mas depois vão perceber que isso é um disparate, caso isso não traga proveito algum à alma, seja na doutrina ou na oração.
O amor verdadeiro para Santa Teresa é com mais paixão e mais proveitoso, pois as almas sempre cuidam mais em dar do que de receber, agindo assim mesmo diante do Criador. Quando amam alguém, as almas perfeitas têm desejo de que ele seja digno do amor de Deus, porque só assim podem continuar a amá-Lo.
Reflexão:
Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, nas reuniões em comum, na fração do pão e nas orações …unidos de coração frequentavam todos os dias o templo. Partiam o pão nas casas e tomavam com alegria e singeleza de coração (Atos do Apóstolos 2, 42;46). Assim somos chamados a viver enquanto MEL de Deus: a unidade com os irmãos.
Santa Teresa assim nos fala: “quanto mais se pratica o amor ao próximo, tanto mais se estará praticando amor a Deus. Isso porque é tão grande o amor que o Senhor nos tem que, para recompensar aquele que demonstramos pelo próximo, faz crescer por mil maneiras o amor que temos a Ele”
Oração: Santa Teresa, me ensine a praticar o amor ao próximo com os irmãos de minha Comunidade, pois assim estarei ainda mais praticando o amor a Deus. Que ao nos verem possam repetir o que disseram dos primeiros cristãos: olhai e vejam como se amam. (Ore em línguas pedindo para o Espírito Santo a graça da unidade: que sejamos um, como Cristo e o Pai são Um).
Rezar um Pai Nosso e 10 Ave-Marias em honra a Santa Teresa
7º dia da novena
Desde que entrara para o Carmelo sua saúde não foi muito estável, chegando quase à morte. Por 20 anos tinha vômitos pela manhã, sendo impedida de alimentar-se até o meio dia. Como comungava diariamente, durante à noite, provocava-o para que seu mal estar não fosse pior. Apesar de todos esses males era alegre, pois tinha a impressão de com isso estava a servir o Senhor de alguma maneira. Para ela na doença e em situações difíceis, a alma que ama tem como verdadeira oração fazer a dádiva dos seus sofrimentos, lembrar daqueles por quem os padece, conformar- se com as suas dores. Trata-se, portanto, do exercício do amor, pois somos obrigados a orar quando temos momentos de solidão, porque se estes nos faltam, mesmo assim se pode orar. O Senhor nos tira o tempo da oração com sofrimentos, mas consegue-se obter lucros com esses momentos.
Santa Teresa nos ensina o caminho da oração. Este caminho começa por estar a sós, somente na companhia do próprio Mestre, pois Ele com amor e humildade é que nos ensina a orar. Para ela é preciso ter os nossos olhos nos Seus olhos, pois Ele está sempre a nos olhar, suportando as abominações que praticamos contra Ele.
Ela compara a cada uma de suas filhas a uma esposa bem casada que se mostra triste quando vê o esposo triste e alegre quando o vê alegre, mesmo que não esteja. Se estivermos alegres, vejamo-Lo ressuscitado, pois o simples imaginar que saiu do sepulcro nos alegrará. Se estivermos tristes, vejamo-lo a caminho do Horto; pensemos na tamanha aflição de Sua alma.
Podemos vê-Lo atado às colunas, cheio de dores, com a carne feita em pedaços, sofrendo muito; perseguido por uns, cuspido por outros, renegados pelos amigos, desamparado por eles, sem ninguém que O defendesse, gelado de frio, posto em imensa solidão. Teresa pedia: contemplai o Senhor carregando a cruz, sem que O deixassem recobrar o fôlego; com os olhos cheios de lágrimas, esquecendo de Suas dores para consolar as nossas.
Ela chama suas filhas para carregar a cruz de Cristo, para que Ele não siga tão carregado, não se incomodando com os judeus que as atropelam; não se importando com o que dizem e fazendo-se de surdas aos murmúrios; tropeçando ou caindo com o Esposo não devem se afastar e nem deixar a cruz.
Reflexão:
Santa Teresa fez de sua oração um encontro pessoal e íntimo com Jesus, buscando alinhar seus sentimentos aos Dele, encontrando-o em cada situação da sua vida: na alegria e na tristeza. A oração como meio, como lugar de encontro pessoal e íntimo com Deus.
Santa Teresa fazia da oração um momento de encontro e abandono nos braços de seu Mestre. Como está nossa vida de oração? Estamos fazendo da oração diária, um momento de encontro, para sermos cada vez mais íntimos do Pai, debruçando a cabeça no peito do Filho?
Oração: Santa Teresa, interceda para que seja reavivado em mim a chama ardente em meu peito, fazendo com que eu possa amar a Deus mais que tudo, tendo-o como Amigo e Mestre, participante ativo do meu dia-a-dia (Ore em línguas pedindo para o Espírito Santo encendei meu coração de amor a Deus, me ensinando o sentido da oração).
Rezar um Pai Nosso e 10 Ave-Marias em honra a Santa Teresa
8º dia da novena
Estando um dia no Convento da Encarnação, ao receber a comunhão, o padre João da Cruz, partiu a Hóstia para a outra irmã. Pensou ela que era por falta de Hóstia, mas ele queria mortificá-la, pois havia dito a ele, anteriormente, que gostava muito quando as Hóstias eram bem grandes. Ouviu naquele dia de Sua Majestade: “não tenhas medo, filha, que alguém tenha poder de afastar-te de Mim”. O Senhor apresentou-se, no seu íntimo, dando-lhe a Sua mão direita dizendo: “Olha este prego, que é sinal de que serás Minha esposa de hoje em diante. Até agora não o tinhas merecido; doravante, defenderás Minha honra não só como Criador, como Rei e como teu Deus, mas como verdadeira esposa Minha: Minha honra é a tua, e a tua, Minha. Tamanha foi sua alegria que ficou como que desatinada e disse ao Senhor que ou aumentasse a sua baixeza ou não a concedesse tão infinita graça, pois certamente não lhe parecia que a sua natureza pudesse suportar.
O matrimônio espiritual a união secreta se passa no centro mais íntimo da alma, que deve ser onde está o próprio Deus. Não precisa de porta para entrar, porque em todas as graças, os sentidos e as faculdades parecem servir de intermediários, o mesmo devendo acontecer com esse aparecimento da Humanidade do Senhor. Ele aparece no centro da alma sem visão imaginária, mas intelectual, tal como surgiu aos Apóstolos, sem entrar pela porta, e lhes disse: “a paz esteja convosco”.
O Matrimônio espiritual é como se a água caísse do céu sobre um rio ou uma fonte, confundindo-se então todas as águas. Já não se sabe o que é água do rio ou água que cai do céu. “Quem se une ao Senhor torna-se com ele um só espírito”, talvez São Paulo esteja se referindo a união da alma com o seu Esposo. Sem dúvida, a alma que se esvazia de tudo o que é criado e desapega-se dele por amor a Deus, o próprio Senhor a preenche de Si mesmo.
Reflexão:
A alma que se esvazia de tudo que é criado e se desapega dele por amor a Deus é preenchida pelo seu Senhor, tornando-se uma com Ele. Badia sempre chama Cristo de O Amado, seu esposo. E, nós, independente de nosso chamado, somos convidados a Tê-lo como Esposo de nossa alma, ao beber desse carisma.
Santa Teresa se tornava naquela Eucaristia uma só em Cristo. Sua alma, sua vida não mais pertencia a si mesma, mas era toda de Deus. Na dimensão eucarística da espiritualidade, a comunidade MEL de Deus enxerga a Santíssima Eucaristia como o próprio “MEL de Deus” que sai da pedra angular, o coração de Cristo. É o alimento dado por Deus para o homem. A Santa Missa e a Adoração Eucarística são, portanto, refúgio, força e alegria para todo MEL de Deus. Desta forma é que “preparamos os caminhos do Senhor” (Mt 3, 3) para Sua segunda vinda.
Oração: Santa Teresa, interceda para que sejam abertos meus olhos como se abriram os dos discípulos de Emaús, fazendo-nos reconhecer o Cristo, Esposo de nossa alma, vivo e Real no Santíssimo Sacramento do altar (Ore em línguas pedindo para o Espírito Santo a graça de ter um coração adorador e esponsal ante o Cristo Eucarístico).
Rezar um Pai Nosso e 10 Ave-Marias em honra a Santa Teresa
9º dia da novena
Um dia no mosteiro, conversando com outras monjas, nasceu a ideia de viverem segundo as regras primitivas do Carmelo. Resolveram colocar todos os planos e projetos nas mãos de Deus. Certa vez, após a comunhão, o Senhor lhe ordenou expressamente que se dedicasse a esse empreendimento com todas as suas forças, prometendo-lhe que o mosteiro não deixaria de ser feito e dizendo que ali seria muito bem servido. Este devia ser dedicado a São José, pois este santo glorioso guardaria uma porta, Nossa Senhora, a outra, e Cristo andaria ao seu lado; e a casa seria uma estrela da qual sairia um grande resplendor.
Começou, então, a construção do mosteiro de S. José. Muitos foram os problemas, as tribulações e perseguições para que ela desistisse. Mas se manteve firme e em silêncio diante dos ataques; sempre esperando em Deus. Achava que aquele espaço não seria adequado, pensou em ampliá-lo, mas o Senhor não permitiu, pois queria que este fosse pequeno e que ali se vivesse a pobreza.
No dia de Nossa Senhora da Assunção, considerando seus inúmeros pecados veio-lhe um arroubo imenso, sentou-se naquele momento e teve a impressão que alguém lhe cobria com uma roupa de grande brancura e esplendor. No início não via quem fazia isso, depois percebeu que era Nossa Senhora do seu lado direito e S. José, do esquerdo adornando-a com aquelas vestes, purificando-a dos seus pecados.
Maria dizia que se contentava em vê-la servindo ao glorioso S. José e que o mosteiro se faria de acordo com o seu desejo e que os dois seriam muito bem servidos ali. Pediu para que nada temesse, pois o seu Filho prometera andar ao seu lado.
Até conseguir a licença para ir para o Mosteiro de S. José foram muitas batalhas travadas com o demônio que usava de todas as armas para combatê-la, mas sentiu consolada quando lá chegou. Numa festa da Assunção da Rainha dos Anjos e Senhora Nossa, o Senhor quis lhe fazer um favor apresentando-lhe a Sua subida ao céu, a alegria e a solenidade com que Ela foi recebida, bem como o lugar onde está. O seu espírito teve enorme exultação ao contemplar a imensa glória. Isso fez com que santa Teresa desejasse cada vez mais suportar grandes sofrimentos e servir a essa Senhora, que tanto mereceu.
Sabia que era preciso confiar nos méritos de Jesus e de Sua Mãe para vencer as batalhas. Sentia-se muito indigna de vestir o hábito de Sua Mãe, mas pedia a todas as suas filhas que louvassem por ele, porque eram verdadeiramente filhas dessa Senhora. E que deviam sempre imitá-La e considerar a imensa grandeza dessa Senhora, bem como a vantagem de tê-la por padroeira; pois nem seus grandes pecados e o fato de ser como era podiam ofuscar minimamente essa sagrada Ordem.
Reflexão:
Santa Teresa via Maria como mãe e protetora, pois em todos os momentos recorreu a Ela e foi prontamente atendida. E para cada membro da comunidade, a Virgem Maria foi a perfeita e mais íntima discípula de Cristo. Ela, sendo a mais bondosa das mães, conduz e ensina cada filho que deixa ser guiado por Ela a seguir os passos de Seu divino Filho Jesus. Desta forma, a Santíssima Virgem é para cada membro a escada que nos ajuda a chegar ao cume do monte do monte Tabor, a Intimidade profunda com Deus.
Santa Teresa pedia que suas monjas considerassem grande honra ter Nossa Senhora como padroeira e que, como filhas dessa boa Mãe, louvassem a Deus pelo hábito que traziam e que a imitassem sempre. E eu, como Mel de Deus, busco na Imaculada, minha porta do Céu, o socorro necessário para proteger, com seu manto, minha vocação? Busco ser intímo do Pai como ela o foi e é?
Oração: Santa Teresa, interceda para que eu busque na Santíssima Virgem e em seu santo esposo, São José, as graças necessárias para ser fiel em meu chamado e vocação, até ao Céu. Vinde Espírito Santo, vinde por meio do Imaculado Coração de Maria, vossa amadíssima esposa (Ore em línguas pedindo para o Espírito Santo a graça de ter um coração mariano, apaixonado por Jesus, como ela foi).
Rezar um Pai Nosso e 10 Ave-Marias em honra a Santa Teresa.
Santa Teresa d’Ávila, rogai por nós.