Hoje a Igreja comemora São Francisco de Assis. Um dos mais amados e populares santos do mundo.
Chamado de “O Pobre Homem”. Nascido em Assis, na Itália e filho de Pedro Bernadone, um rico comerciante de sedas , Francisco passou sua juventude a procura de prazeres e era uma figura popular entre os jovens. Em 1202 ele foi convocado para a guerra e foi tomado prisioneiro. Em 1205 ele teve visões e fez uma peregrinação a Roma no ano seguinte. Quando voltou a Assis ele foi denunciado pelo pai como um lunático onde foi deserdado.
Estava ajoelhado em oração aos pés de um crucifixo quando uma voz, saída do crucifixo, lhe falou: “Francisco, vai e reconstrói a minha Igreja que está em ruínas”.
Francisco foi para igreja de São Damião que estava quase em ruínas e a reparou com a ajuda de amigos e seguidores. Em Porciúncula, uma pequena Capela ele dedicou-se a cuidar dos pobres. Em 16 de abril de 1209 ele fundou a Ordem dos Franciscanos. Em 1210 recebeu a aprovação do Papa Inocêncio III, numa dramática audiência papal. Ele obteve a Indulgência do Papa Inocêncio III e começou a regulamentar a sua Ordem e as exigência para ser membro dela. Uma das exigência era a pobreza total e a obediência total.
Em 1212, Santa Clara e ele e fundaram a ordem das Clarissas Pobres. São Francisco e 5000 franciscanos foram ao encontro papal de 1212 e Francisco foi para o Egito e passou a pregar para os muçulmanos. Ele encontrou-se com o Sultão Malik al-Kamil em Damietta,Egito. O Sultão reconhecendo Francisco como um homem santo não permitiu que ninguém o prendesse, mas ele não fez nenhuma conversão no Egito.
Francisco retornou à Itália porque membros da Ordem estavam mudando suas regras original para abranda-las. Ele procurou a ajuda do Papa para proteger as suas regras e este enviou Francisco por toda a Europa e Oriente Médio. Em 1223 Francisco se aposentou como superior da Ordem. Ele construiu um pequena creche no Natal naquele ano e foi o fundador do costume de se fazer presépios para adornar as igrejas no Natal.
Em 14 de setembro de 1224, enquanto orava na ermida de Monte Alvernia ele recebeu os estigmas (estigmatas). Ele morreu dois anos mais tarde em 3 de outubro, em Assis e foi canonizado em 1228. Nunca se ordenou porque não se considerava digno do sacerdócio. São Francisco de Assis teve um grande impacto na vida religiosa da igreja. Sua vida foi caracterizada por uma adoração a Jesus de uma maneira alegre, jovial e reverenciava a natureza e a sua preocupação com os doente e pobres era enorme.
Uma nota inseparável de Francisco de Assis é a alegria, que forma com ele um todo. Se a pobreza fica perfeitamente enquadrada pelo adjetivo “franciscana”, diga-se outro tanto da alegria. Quando adjetivada de franciscana, ela forma um todo e evoca a alegria na sua pureza mais lídima e na sua expressão mais concreta.
Custa-nos compreender como a alegria possa ser compatível com sofrimentos físicos ou penas interiores. Francisco soube fazer a fusão. Na sua célebre parábola sobre a Perfeita Alegria, mostra-nos que esta convivência é perfeitamente possível, uma vez que a alegria não é introduzida no homem através de mecanismos ou de posses ou de satisfações periféricas, ela é uma realidade que habita o âmago do homem, mas que deve ser trazida à tona, mediante uma concepção de vida com a qual são encarados os acontecimentos terrenos e históricos.
Esta alegria tornou-se-lhe como que a companheira de sua vida. Mesmo, prostrado ao solo de sua pobre cela, momentos antes de morrer, quando todo homem estremece, ele canta, pois o canto é a expressão mais concreta e exuberante da alegria. Os frades, seus companheiros, imbuídos ainda de preconceitos, bem ocidentais, aliás, em relação à morte, advertem-no de que cantar naqueles momentos poderia causar escândalo aos fiéis, que o tinham em conta de santo. Mas ele lhes mostra que o cristão não tem momentos para não cantar. A vida, em todas as suas explicitações, merece ser cantada, muito especialmente quando se está para transpor os umbrais da eternidade, região onde cessam todos os elementos dolorosos e geradores de sofrimentos ou perturbadores da harmonia.
O respeito com que se aproxima das criaturas, a ausência total de egoísmo e de interesse comercial, faz com que elas lhe respondam de forma alegre: estabelece um dueto com a cigarra, fala e faz-se entender pelos passarinhos, as cotovias lhe vêm ao encontro e o acompanham no momento derradeiro, o falcão o acorda e condói-se de seus cansaços; sente a dor que machuca o coração dos cordeiros levados ao mercado ou ao matadouro e experimenta o regozijo da liberdade conquistada; sofre com a angústia que silencia as rolas aprisionadas e condenadas ao comércio dos homens e vibra com seu vôo liberto, experimentando toda a paixão do libertado.
A alegria marcará a partir de Francisco, e de fato ainda marca, a produção literária franciscana em todos os gêneros. O Cântico das Criaturas, onde a alegria borbulha em cada verso, será como que a inspiração constante e cantante dos teólogos e filósofos franciscanos, que através dela revestirão de otimismo e simpatia as verdades mais duras e mais sérias do cristianismo. Sem ser filósofo e sem ser teólogo, marcou profundamente a Teologia e a Filosofia, de maneira a podermos adjetivar estas ciências de “Franciscanas”, quando praticadas na cosmovisão de Francisco.
Deste modo, a ALEGRIA aparece, com todo o direito, como outra das notas características do FRANCISCANISMO.
Fonte: “São Francisco vida e ideal”, de Frei Hugo Baggio, Editora Vozes, 1991.