Com grande júbilo, celebramos no dia 19 de março, a ordenação diaconal dos seminaristas Júlio Lôbo, Fabrício Caixeta, Gabriel Santos, Mateus Carvalho, Otávio Martins e Wiler Somavila.
Na ocasião, Dom Waldemar (bispo emérito da Diocese de Luziânia) falou da alegria em acolher os seis Neo Diáconos, em consonância com a celebração da Solenidade de São José. Confira a homilia na íntegra a seguir!
“Ele assim o via, desde pequenininho, desde menino, José, seu pai. Aquele que o acolheu, sendo o esposo de Maria, a mãe virginal do Filho Unigênito do Pai. José, pai de uma multidão de povos, filho de Davi, filho de Abraão. O que vale para Abraão, vale para José. Por sua fé, foi considerado justo, o justo José, por graça de Deus.
Sejam muito bem-vindos, irmãos e irmãs a essa celebração, essa Solenidade de São José, na Catedral do Divino Espírito Santo, nossa Catedral de Luziânia, para os irmãos e irmãs da Diocese. Nossa acolhida muito carinhosa, àqueles que hoje participam conosco e que vem de outras dioceses, de outras igrejas irmãs, sejam muito bem-vindos!
Saúdo particularmente os pais, irmãos e irmãs, demais familiares dos nossos seis seminaristas, que serão ordenados diáconos. Que bom encontrá-los nessa celebração! Estimados religiosos, religiosas, vocacionadas, vocacionados à vida consagrada, uma saudação muito querida aos presbíteros, aos sacerdotes. Alguns hoje justificaram a ausência, porque tem comunidade dedicada a São José, ou porque não podiam deixar as suas igrejas, as paróquias para virem celebrar conosco, justamente por causa da Solenidade, dentre eles, Padre Simão, que é o nosso vigário geral, mas estão profundamente unidos a nós e obrigado aos que estão presentes, pelo esforço, também a gratidão às comunidades que os permitiram estar nessa noite, celebrando aqui. Os queridos diáconos, que vêm acolher seus irmãos, seus futuros irmãos no ministério, uma saudação carinhosa, mencionei o Padre Simão, mas menciono os nossos vigários episcopais, o Padre Geraldo, que nos acolhe também na Catedral, que é o pároco da Catedral e o Padre João Paulo, vigário episcopal do Vicariato Centro.
Queridos padres formadores, muito obrigado pela presença, mas ainda mais pela dedicação cotidiana aos nossos seminaristas, muito obrigado aos formadores de Luziânia e aos formadores do Seminário Maior de Brasília, que acolhem os nossos seminaristas na etapa de configuração. Queridos seminaristas presentes, colegas dos nossos ordinandos, amigos, irmãos de comunidade, queridos seminaristas de Luziânia, vocacionados, queridos jovens e uma saudação muito carinhosa, muito querida às crianças presentes. Saúdo com o coração agradecido a cada um de vocês, ordinandos, graça, misericórdia, paz, da parte de Deus Pai e do Cristo Jesus, nosso Senhor.
Ao celebrarmos São José, ouvimos o relato da perda e reencontro do menino Jesus no templo, no templo de Jerusalém, ao voltarem da peregrinação anual que faziam na festa da Páscoa, os pais de Jesus confiam que o menino de 12 anos estava com os parentes e conhecidos na caravana, não encontrando-o, passam por um momento difícil, angustiante e resolvem voltar a Jerusalém. O texto diz “Três dias depois o encontraram no templo, Jesus estava sentado no meio dos mestres, escutando e fazendo perguntas, todos o ouviam, todos ouviam o menino, estavam maravilhados com a sua inteligência e suas respostas”, tudo parecia adequado no interior do templo, do lado de fora, no entanto, havia grande inquietação no coração de um pai e de uma mãe. “Ao vê-lo, Maria e José ficaram muito admirados e sua Mãe lhe disse, meu filho, porquê agiste assim conosco, olha que teu pai e eu estávamos angustiados a tua procura”, a fala é da Mãe, José está unido a Ela, “Teu pai e eu”. Em todo o episódio, José não diz nada, e é mencionado do lado de Maria, considerado junto à Mãe de Jesus, são designados por “pais de Jesus”, no versículo 41 desse capítulo 2 de Lucas, “Seus pai e sua mãe”, no versículo 48 e novamente no final do texto, “Seus pais”, concluindo com a indicação de que o menino desceu com eles para Nazaré e era-lhes obediente.
Quando somos crianças, ainda pequenos, os nomes dos pais, são a referência para sermos apresentados e conhecidos. Os pais é que nos tiram do anonimato, é como se sem eles, nós não existíssemos para a sociedade. Dizemos, “É o filho da Cristina” ou “É a menina do Francisco e da Shirley”, mas as crianças crescem e ocorre, então, uma inversão, os pais passam a ser apresentados tendo os filhos por referência: “São os pais da professora Ana Maria”, a mãe ou pai do filho adulto, já reconhecido em seu papel social. Hoje estamos testemunhando esse momento de transição, em que o adolescente Jesus, tem voz, faz escolhas e se torna referência para seus pais, até o dia em que Maria, passará a ser chamada a mãe de Jesus e José, o esposo de Maria, o pai de Jesus. Mas os pais não deixam de ser quem são, ao contrário, ao invés de diminuírem, crescem como que à sombra dos filhos.
Os relacionamentos, eles nos edificam reciprocamente, os relacionamentos de amor, nos constroem, fazem com que nós cresçamos. Eles dizem quem somos. Em todos os relacionamentos isso ocorre, mas em relação aos pais, trata-se de vínculos muito fortes, vínculos de nossas origens. Jesus traz consigo, sua vida em família, sua vida doméstica e esses vínculos o levam ao templo de Jerusalém, sua busca interior, já revela a intimidade do lar em que vivia, de modo que ao ouvir de sua Mãe, a revelação da angústia que Ela e José, sentiam por não O encontrar, responde-lhes com simplicidade e surpresa, não foi malcriação, simplicidade e surpresa, “Porque me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa do meu pai?”. O centro de interesse de Jesus, a casa do Pai, foi forjado na casa de Nazaré. O centro de interesse de Jesus, pela casa do Pai do Céu, foi cultivado na casa de Nazaré, contemplando e vivendo com Maria e José, o Pai que o acolheu e o assumiu plenamente. José tornou-se referência para as suas alegrias, nas brincadeiras, referência para seu crescimento na cultura, na cultura do seu povo, herdeiro da casa de Davi, mas José também foi o instrutor na profissão, o filho do carpinteiro. Nos valores do trabalho, da vida em sociedade, na dimensão espiritual, Maria e José se tornaram para o menino, a representação dos bem-aventurados, pobres em espírito, dos sedentos de Deus, dos que se esforçam e planejam as peregrinações anuais, para cantar, louvar, oferecer sacrifícios de louvor, de comunhão, de expiação, ao único Deus vivo e verdadeiro em seu templo.
Jesus havia percorrido as estradas dos corações de Maria e José, aprendendo o percurso humano, espiritual para ir ao Pai, interessar-se pelas suas coisas. Queridos José e Maria, é compreensível que a ausência do Menino os tenha assaltado, pegos de surpresa, coisa de adolescente, mas somos obrigados a concordar com Jesus, só havia um lugar em Jerusalém, onde Ele poderia permanecer, pois os senhores o educaram assim. procurando o pai, revelando-lhe o pai. Não se preocupem tanto, o menino se tornou herdeiro de suas vidas, de seus caminhos, de suas peregrinações.
Hoje nós temos 6 casais, cheios de alegria e esperança, mas que talvez, sigam seus filhos com certa angústia e aflição, esses filhos que serão ordenados diáconos. Não estranhem por encontrá-los aqui, no templo. Foi para cá que as suas vidas, queridos pais dos ordenados, mas também queridos pais das comunidades onde cresceram e viveram, não estranhem em encontrá-los aqui no templo, foram suas vidas que indicaram a eles o lugar da identificação com Jesus servo, diácono da humanidade. Obrigado! Em breve, pode ser que os senhores passem a ser conhecidos, mais como pais e mães do diácono Fabrício, do diácono Gabriel Felipe, do diácono Júlio, pais e mães do diácono Mateus, ou do diácono Otávio, ou vão ser reconhecidos como os pais, como pais e mães do diácono William, depois de padres, sacerdotes, com a graça de Deus, o risco vai ser ainda maior.
Não se preocupem se ficarem um pouco escondidos atrás dos nomes dos seus filhos, ou desses ou dos outros filhos de vocês, dos senhores, das senhoras, eles são seus herdeiros, levam em si, muito da vida dos senhores, das senhoras, seus conhecimentos, seus modos de se relacionar, seus valores, suas habilidades, recebidas em casa, na convivência. Os senhores e os pais da comunidade, coordenadores de grupos, padres, coordenadores de comunidades, irmãos mais velhos, catequistas ou conselheiros bons, os senhores e as senhoras não estão nesta celebração como espectadores, mas prestam um culto de louvor ao Pai, na entrega de suas próprias vidas, incentivando seus filhos a prosseguirem na entrega das vidas deles.
Queridos ordinandos, de Maria e José recebemos Jesus, capaz de se colocar a serviço de cada irmão fragilizado, por circunstâncias tantas, se colocar a serviço de cada irmão, irmã que não sabe qual caminho a seguir, desorientados na busca primeira, principal, na sede, às vezes esses sim, sem saber onde estão. Para esses que chegam ou aos quais somos enviados e vamos ao encontro, mas também para os irmãos e irmãs já mais crescidos, que caminham conosco nas comunidades, que crescem como discípulos missionários, vocês serão ordenados e enviados para eles.
O chamado ao diaconado, nos deixa uma marca forte na alma, na vida, caros ordinandos, Gabriel, Fabrício, Julio, Mateus, Otávio e Wiler. O diaconado é bem mais que um estágio antes do sacerdócio, afinal permanecemos diáconos no sacerdócio e no episcopado. Por falar nisso, faz 15 anos que eu usei pela última vez a dalmática, desde então, apesar de não usá-la sob a casula, permanece em mim a alegria de ser ministro do Evangelho e vocês o serão.
Do sangue de Cristo e vocês o serão, da caridade de Cristo e vocês o serão, por graça de Deus. É no diaconado que aprendemos a não viver mais para nós mesmos, essa marca é bem definida, nossa agenda passa a ser deles, a condição de assumi-lo no celibato, libera ainda os nossos afetos e ainda mais o nosso tempo, vinculando-nos espiritualmente a esses irmãos e irmãs de um modo único. Cada um deles tem direito sobre nossas vidas, mais uma vez, vocês já sabem disso, mas é bom recordar hoje, não é? É bom receber a graça para corresponder, a graça dessa noite, vai qualificar a entrega de suas vidas, para a glória de Deus Pai. Amém!”
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