Homilia – Frei Josué | Solenidade do Sagrado Coração de Jesus

Estamos celebrando, meus irmãos e minhas irmãs, um mistério muito grande. Mais uma solenidade chamada do tempo comum. A primeira foi a Santíssima Trindade e essa é a segunda: o Sagrado Coração de Jesus.

O que essa solenidade tem a nos mostrar? Mostrar o Coração de Jesus. E aqui nós vemos a humanidade de Jesus – Verdadeiro Homem – sendo o verdadeiro Deus. Para entender o Coração de Deus, para mostrar aos homens como Deus nos ama, com um amor infinito, absurdo, tão grande, Jesus se fez homem. E o melhor dos homens: o mais santo, o mais puro, como vai dizer a Sagrada Escritura: o mais belo dos filhos dos homens.

Não só uma beleza física que a gente imagina, mas a beleza em todo o seu esplendor. A beleza que é bela, mas a beleza que é bondosa, a beleza que é perfeita, a beleza que revela o que há de melhor em todos os sentidos.

O Coração de Jesus, então, é comparado – nesse ano C – ao coração do pastor. Essa realidade do pastor é tão cara à mensagem bíblica. Já no Antigo Testamento, Deus prometia, por exemplo, através do profeta Ezequiel, que Ele mesmo seria um pastor. Diante dos maus pastores, Ele mesmo ia apascentar Suas ovelhas. Ele mesmo ia cuidar daquela ovelha ferida, machucada. Ele mesmo ia sarar a ferida daquela doente. Ele mesmo iria atrás daquela que se desgarrou.

E a figura muito chave, a partir do Salmo que nós ouvimos, de Davi – do menino, do adolescente, no esplendor da sua força, mas uma força bondosa, como a força de Deus, que não é para destruir, causar o mal, mas para dar a vida pelo seu rebanho.

A gente sempre vê Davi como aquele que vence quem? O gigante Golias. Mas antes de vencer Golias, ele já tinha matado o leão, com suas próprias mãos. Para defender o quê? Os seus cordeiros, os seus rebanhos.

Então, Davi não se tornou um gigante em força, em bondade, de uma hora para outra. Davi foi esse pré-anúncio do próprio Jesus, que desde criança, esquecido de si – e até dos outros –, amava acima de tudo o Pai. Mas que, por bondade, por amor ao Pai, amava os homens.

E Ele, então, vai ser aquele que vai poder definir-se como o Bom Pastor, que dá a vida pelo seu rebanho. Não aquelas ovelhas maravilhosas, mas aquelas ovelhas mais pecadoras, mais distantes.

E São Paulo nos traz essa realidade quando ele diz: por uma pessoa boa, talvez alguém se anime a morrer. Mas a prova máxima do amor de Deus é que Ele deu a vida por nós quando ainda éramos pecadores, inimigos de Deus – quando Ele não podia ganhar nada por esse amor. Só desprezo, só falta de consideração, só alguém achar que era uma loucura o que Ele estava fazendo.

Deus ama o pastor porque, além de tudo, ele é capaz de esquecer de si e cuidar do rebanho. Esquecer de si e, por amor ao dono das ovelhas – daquele rebanho, que geralmente não é dele –, ele gratuitamente se dispôs a enfrentar perigos, dificuldades e tudo fazer para o bem daquele rebanho.

[…] Das visões de Nossa Senhora – tem uma filminha ali que você chega em Lourdes, tá lá aquela imagem de Bernadette, cheia de ovelhinhas – uma pessoa esquecida de si, pra pensar nos outros, por amor ao dono daquele rebanho.

Assim devemos ser cada um de nós, com a nossa família. A nossa família não é nossa, meus irmãos. A nossa família foi dada por Deus. A nossa família, cada pessoa a nós confiada – seja na ordem natural, familiar, sanguínea, biológica, seja na ordem espiritual, os formandos, os irmãos de comunidade que Deus nos confiou, as pessoas da Igreja que nos foram confiadas – elas não são nossas, elas são do Pai.

E como Jesus cuidou, deu a vida, abnegou-se de si e deu o melhor para o rebanho, para agradar o coração do Pai – o verdadeiro proprietário de cada um de nós, dos seus rebanhos –, assim também nós.

Por isso, peçamos esse Coração, tão esquecido de si, tão amante e amador do Pai, que cuide de cada um de nós e também hoje nos ensine a cuidar dos nossos irmãos – e até daqueles que não nos amam, daqueles que parecem que vieram nesse mundo só pra dar trabalho, daqueles que nunca vão agradecer pelo bem que nós fizemos, por aqueles que vão talvez pagar o bem com o mal.

Não fixemos nosso olhar aí, mas no Pai, no Seu Coração, no Coração de Jesus. E por amor ao Senhor, amemos, perdoemos, cuidemos, nunca desistamos. Sintamos a alegria em amar, em servir.

Tenhamos medo quando começamos a ser pastores maus, que só cuidam dos outros por interesse. Tenhamos medo e cuidado quando nosso coração gosta só de alguns, e não dos outros. Tenhamos medo quando nosso coração for cada vez mais se distanciando do Coração Sagrado de Jesus.

Por isso que o Senhor escolhe não pela aparência – como Ele vai fazer com Davi e os seus irmãos – mas Ele escolhe porque Ele vê o coração. Quando Ele vê um coração parecido com o Dele… Quando o Pai olha para cada um de nós e, apesar de toda nossa fraqueza, vê alguém disposto a amar, a servi-Lo, servindo os irmãos, cuidando deles em troca de nada – só por amor e pelo bem – verdadeiramente, este vai ser escolhido por Deus.

Não das ovelhas, não dos outros… Não sejamos maus pastores que só se apascentam a si mesmos e não ao rebanho. Não sejamos. Se não… o máximo que a gente puder: nosso Coração semelhante ao coração de nosso Pastor, de nosso Senhor Jesus Cristo.

Jesus, manso e humilde de Coração… fazei o nosso coração semelhante ao Vosso.

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